terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Brasis


Potência emergente ou democracia atrasada? No início do século XXI o Brasil enfrenta uma verdadeira crise de identidade. Não que uma coisa exclua a outra, mas a Ordem e o Progresso não parecem mais andar de mãos dadas na república verde-amarela.

A crise mundial se agrava a cada dia, e, não só o governo, mas analistas reconhecidos internacionalmente consideram a economia brasileira uma das mais sólidas e bem preparadas para enfrentar as turbulências. Basta olhar outros emergentes e desenvolvidos. Japão, Rússia, Chile, Alemanha, EUA e tantos países de diferentes patamares de grandeza vêm anunciando dados catastróficos. O Brasil não sai ileso, o que seria impossível para uma economia globalmente integrada, mas é apontado como o mais seguro entre os grandes, de acordo com a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conhecida como “Clube dos Ricos”.

Ao mesmo tempo, o país abriga um presente com cara de passado, em que os mesmos escândalos de sempre nem são mais capazes de sacudir a opinião pública. Acusada de semifeudal pela revista britânica The Economist, a política nacional ainda comporta figuras como José Sarney em cargos elevados do Legislativo. O atual presidente do Senado tem um passado de relação próxima com militares, foi integrante do ARENA e teve um governo econômicamente fracassado logo após a redemocratização. Como que para enriquecer a figura de linguagem, estoura o caso do castelo milionário em São José Nepomuceno. O Deputado Edmar Moreira {DEM [Ex-PFL ( Ex-ARENA]} alega que não há nada de irregular com o palácio Monalisa, mas peca na justificativa, já que sua vida de empresário tem algumas manchas. 2.700 processos trabalhistas cobram direitos não pagos…

Os dois Brasis conflitantes não são os únicos existentes no território nacional. Há o pais do poder paralelo, o das ONGs irregulares, o do SPFW, o dos latifundiários e dos sem-terra, o da Paraisópolis e do Leblon de Manoel Carlos, o do BBB, o da bola, o das igrejas fundamentalistas, das crianças violentadas e tantos outros. De fato, o Brasil é o país da diversidade e da tolerância. Há diversos estilos de vida, da linha da pobreza a classe A, e uma população inabalavelmente tolerante, cuja compreensão com o absurdo é impagável e imensa, ainda maior que o Castelo Monalisa.