quarta-feira, 3 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Irão?
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Vivo, logo existo
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Deveres Humanos
Apesar do enorme passo para a civilidade que representa, a DUDH é, com a mais absoluta certeza, desrespeitada em seus 30 artigos cotidianamente. Sua importância é hostilizada com regularidade, e suas determinações são relativizadas com argumentos antropológicos, que ironicamente muitas vezes acobertam o desumano (sim, estou sendo etnocêntrico). Como radical defensor desta idealista sexagenária, me prestarei, a partir de hoje, a apontar como cada um de seus artigos é vergonhosamente ignorado por este mundo hipocritamente pautado pela liberdade.
Artigo I.Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
O IDH de Serra Leoa não chega à metade do norueguês. Enquanto a Sasha escreve “sena” porque foi alfabetizada em inglês, milhares de alunos do ensino médio cometem o mesmo erro por não terem sido alfabetizados em português mesmo. Apesar de sermos todos humanos, odiamos criminosos, mendigos, arruaceiros, terroristas, americanos, russos, judeus, árabes, homossexuais, reacionários, comunistas, flamenguistas e qualquer um que ofereça “motivos”. Como somos fraternos se vivemos num mundo focado na competição e no individualismo, se somos mais valorizados por nossa capacidade de derrotar que pela de cooperar? Como somos iguais e livres se cada direito, conforto, conquista e realização só podem ser obtidos de acordo com a capacidade financeira no mundo material? Consumimos ou somos consumidos?
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Atena X Einstein
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Para quem não sabe, J.J. é roteirista de Lost, simplesmente o roteiro mais trabalhado que já assisti. Logo, pode-se concluir: ele é um gênio. Mas, Einstein, que também é inegavelmente um gênio, restringiu seu grupo de olimpianos a apenas 2% da população mundial. E esta ínfima parcela de 140 milhões de pessoas – uma Rússia inteira de crânios – seria definida por quem acerta a casa, a nacionalidade, o animal, a bebida e o cigarro dos cinco homens citados no teste (se é que o teste que eu achei é o real).
Citando uma pessoa menos questionável: e se Dostoiévski não acertar? E se Van Gogh, Camões, Graham Bell, Gandhi e Platão errassem uma das casas? E se Mozart não adivinhasse que animal pertencia ao norueguês e Darwin se enganasse quanto à marca do cigarro?
Já há teorias que diferenciam as genialidades de Machado de Assis e Isaac Newton. Isso não é novidade. Mas, afinal, o que é ser inteligente?
Bom, um amigo meu só tirava notas boas na escola. Tinha boas idéias para os trabalhos e facilidade de aprendizado. Seus amigos, ao descrevê-lo, sempre recorriam ao adjetivo inteligente, e nada mais que isso. Este meu amigo passou no vestibular em uma bela colocação e manteve o desempenho da escola no ensino superior, quando passou a ser descrito por suas notas. Um dia, questionou: o que há de genial em gastar a vida no cultivo de números? O que há de genial em saber nomes, gravar datas, articular palavras e tratar de assuntos que em nada tocam nem modificam a realidade em que se vive? Que números e nomes são estes que definem quem eu sou? Felizmente, este meu amigo descobriu que seu conceito de inteligência era uma futilidade tão desnecessária quanto a dos que medem os centímetros de seus bíceps em frente ao espelho e tão burra quanto a de quem tem em seu contracheque o seu maior orgulho.
Inteligência, para este meu amigo e para mim, não é raciocínio lógico. Não se mede pelo volume de conhecimento acumulado, nem pela criatividade de ver além do óbvio. Penso que a inteligência é uma sensibilidade, uma percepção, uma capacidade de interpretar o mundo de forma crítica, de se descolar da vaidade e dos desejos. Inteligência para mim é sabedoria, e não QI, cultura ou portfólio.
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PS: Como você deve supor, faço parte dos 98%.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Mundo Obsceno
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Sorria muito, isso é verdade, mas eu não achava graça. Não das letras que a voz desafinava repetia audivelmente para metade daquele coletivo. Ele e o amigo, um pouco mais bem vestido e sem piercing, riam e comentavam os versos obscenos que o celular emitia com deselegância. É a Música Popular Brasileira dos nossos tempos, eu lamentava. Maldita inclusão digital. Cheguei a praguejar na irritação, mas me corrigi, juro.
É muita falta de educação. Reclamou com razão a senhora descabelada, que sentava no banco ao qual eu estava de frente, em pé. Foi aí que me bateu o estalo. Muita, muita mesmo. Disse para confortá-la e para refletir.
É uma falta de educação maior do que a invasão do espaço alheio. É uma falta de educação cultural e coletiva, social e excludente. Pensei ainda sem muita piedade: como podia ele ter o que chamamos de educação? Creio que o “bom comportamento” não é concebido na fecundação. Ele é adquirido dos pais, da família, do meio onde se vive, dos amigos, da escola, da religião e de outras instâncias de transmissão de valores sociais.
Olhei para aquele rapaz que deveria ser ainda mais jovem que eu. Permita-me ser preconceituoso. E se seus pais o tiveram na idade que ele tinha agora? – O que não é incomum – Como poderia ter educação se seus pais não a tiveram, como não tiveram escola, bom emprego e base familiar? Como poderia ter outro comportamento se seus amigos se portam desse jeito, com nuances a mais ou a menos? Como poderia saber algo além de seu universo, se, na escola, não teve professores que o respeitaram e não foram respeitados? Como poderia ser diferente se suas referências, seus ídolos e artistas não passam de outras vítimas da deseducação generalizada? Como poderia mudar se eu e todos os que resmungavam mentalmente sentíamos repulsa diante de sua pequinês de espírito, mas com uma menor ainda.
Ele era o que foi produzido para ser. O que permitiram que fosse. O que permitimos diariamente, não apenas por omissão, mas por não saber como quebrar esta corrente de valores torcidos e incômodos. Continuei irritado com a música, com o rapaz e com o ônibus que não tinha lugar, mas fiquei pensando em um adjetivo para este mundo de tantas coisas a reclamar.
Obsceno, conclui. Mais que a letra, bem mais.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Inovar é mesmice
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Sejamos nós os publicitários das Havaianas ou os vendedores de bala em ônibus, estamos submetidos a esta exigência da vida moderna. Como diz meu colega de república, faculdade e estágio, até pedir esmola tornou-se uma atividade pouco rentável sem piruetas, jingles, trabalhos artísticos ou encenações dramáticas pouco convencionais. Nos cursinhos, professores têm que inventar “musiquinhas” para a tradicional decoreba, poemas matemáticos, aulas mais cinematográficas e até piadas de humor negro e didático. O que dizer então do mundo pop? Com uma ascensão meteórica, Lady Gaga já está tão à frente de nossa época que parece saída do fim dos tempos. Guardadas as proporções, até o Big Brother tem que reinventar detalhes a cada edição para não ter quedas ainda piores de audiência. No Twitter, a guerra é para fazer a piada original em tempo real e, na religião, uma denominação inovadora surge a cada esquina com novos rumos para o cristianismo.
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E nós? Bom, nós somos massacrados pelo choque com idéias novas a cada momento. E vale lembrar que nem tudo o que inova melhora. Aceleramos de tal forma a locomotiva do novo que mal aproveitamos o potencial da sugestão de semana passada, que já parece repetitiva sete dias depois. Os referenciais mudam tão depressa, que já não há mais tempo ao menos para identificá-los. Não me darei ao trabalho de esmiuçar a Modernidade Líquida de Bauman, mas saibam que o tema já é objeto de estudo de acadêmicos desde o século passado, que já parece distante o suficiente para ser chamado assim sem estranhamento.
Há um limite para a criatividade? É o que sempre questiono diante de tantas criações. Haverá um ponto em que não teremos mais nada de novo a inventar? Não sei. Um dia, quem sabe, alguém será chamado de gênio quando disser o quanto é inovador não inovar. Então, nos voltaremos ao démodé e perceberemos quanta coisa boa e útil ficou para trás. Bom, esta é a minha idéia. Se quiser inovar, procure a sua.