Apesar do enorme passo para a civilidade que representa, a DUDH é, com a mais absoluta certeza, desrespeitada em seus 30 artigos cotidianamente. Sua importância é hostilizada com regularidade, e suas determinações são relativizadas com argumentos antropológicos, que ironicamente muitas vezes acobertam o desumano (sim, estou sendo etnocêntrico). Como radical defensor desta idealista sexagenária, me prestarei, a partir de hoje, a apontar como cada um de seus artigos é vergonhosamente ignorado por este mundo hipocritamente pautado pela liberdade.
Artigo I.Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
O IDH de Serra Leoa não chega à metade do norueguês. Enquanto a Sasha escreve “sena” porque foi alfabetizada em inglês, milhares de alunos do ensino médio cometem o mesmo erro por não terem sido alfabetizados em português mesmo. Apesar de sermos todos humanos, odiamos criminosos, mendigos, arruaceiros, terroristas, americanos, russos, judeus, árabes, homossexuais, reacionários, comunistas, flamenguistas e qualquer um que ofereça “motivos”. Como somos fraternos se vivemos num mundo focado na competição e no individualismo, se somos mais valorizados por nossa capacidade de derrotar que pela de cooperar? Como somos iguais e livres se cada direito, conforto, conquista e realização só podem ser obtidos de acordo com a capacidade financeira no mundo material? Consumimos ou somos consumidos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário